Programas Cearenses
Os formatos de auditório permanecem PDF Imprimir E-mail

A presença de programas de auditório na Televisão Cearense hoje está consolidada. Atrações desse tipo aparecem com destaque em várias emissoras. Na TV Diário, por exemplo, são sete programas que utilizam plateia, em horários e dias variados da semana.

Programas como Ênio Carlos e João Inácio Show são feitos ao vivo. Outros, como o Clube do Brega, também da TV Diário, mantém o formato de programa gravado. A TV Cidade, por sua vez, conta com o Programa Jurandir Mitoso e o Show do Pepiteiro na TV, apresentado pelo radialista Guido Albuquerque.

Para montar o programa, o apresentador Guido, ao lado da produção e da direção, faz reunião de pauta, normalmente, às segundas-feiras. Nela, as atrações – geralmente bandas de forró - são decididas, e o programa é montado. As gravações acontecem às quartas-feiras, sempre em clubes, praias ou boates.

A TV Cidade aposta em programas de auditório, como o Show do Pepiteiro na TV.

 

O Show do Pepiteiro na TV vai ar todos os domingos às dez horas da manhã. É uma produção independente que conta com atrações musicais como componente fundamental.

Guido Albuquerque é locutor da Tropical FM há treze anos. Apresenta diariamente programa na emissora, de nove da manhã ao meio-dia. Na TV, Guido é apresentador há quatro anos.

Guido Albuquerque é locutor na Tropical FM e apresentador de TV

Confira, em vídeo, a entrevista com Guido, o idealizador do Show do Pepiteiro na TV. Ele fala sobre a transição do rádio para a televisão, a importância da plateia em um programa de auditório e o processo de escolha das atrações musicais.


 

Outra atração que utiliza a plateia como carro-chefe é o Programa Ênio Carlos. Indo ao ar todos os domingos, ao vivo, das 17 às 20 horas, busca uma mescla entre curiosidades, novidades do mundo artístico e coberturas de shows. Além disso, o programa aposta em atrações artísticas e humorísticas, levando ao estúdio bandas de forró e pagode, em especial.

A plateia compõe o programa com aplausos, vaias, gritos e palmas. Interage com o apresentador e com os demais artistas convidados ao estúdio. Dá o tom do programa. O auditório da TV Diário comporta cem pessoas. Para o Programa Ênio Carlos, a plateia é geralmente formada por caravanas criadas por líderes comunitários, além da participação daqueles que se inscrevem para participar da atração.

Há também a possibilidade da participação de fã-clubes. "Quando a atração é conhecida nacionalmente, optamos pelos fã-clubes mesmo, as bandas se sentem melhor. Como se fossem melhor recebidas", afirma Rodrigo Caravajal, produtor do Programa Ênio Carlos.

Veja aqui como é a experiência de participar da plateia do Programa Ênio Carlos.

 

Irapuan Lima: o Chacrinha Cearense
Programas de auditório cearenses
Na plateia do Ênio Carlos

Pedro Vasconcelos
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Marina Mota
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Irapuan Lima: o Chacrinha do Norte PDF Imprimir E-mail

Ligar a televisão e assistir a um programa de auditório. Essa é uma situação cotidiana na vida de boa parte dos cearenses. Esse tipo de programa é um dos que mais faz sucesso hoje na TV do Ceará. Os temas cotidianos, muitas vezes com forte apelo emocional, ganham a identificação de telespectadores das mais variadas classes sociais. Entre os principais elementos destes programas estão o humor, o show de calouros e o corpo feminino, mostrado de maneira sensual. Esse modelo, porém, não é novo. Como dizia Abelardo Barbosa, o Chacrinha, "na televisão nada se cria, tudo se copia".

A TV Ceará, primeira emissora do Estado, trouxe o modelo do rádio. Ele foi aperfeiçoado ao longo dos anos e, aqui, teve seu auge com os apresentadores Augusto Borges, João Ramos e Irapuan Lima. Este se denominava o 'Chacrinha do Norte', apelido dado por Armando Vasconcelos, que fez com que Irapuan passasse a ser considerado assim desde então.

Irapuan também veio do rádio. Ele passou 26 anos (de 1949 a 1975) na Rádio Iracema apresentando diversos programas: 'O Vesperal do Chacrinha', 'A Garotada se Revela' e o 'Programa Irapuan Lima'. O último teve sua origem no rádio e foi levado para a televisão. Foi nesta que ele alcançou seu maior sucesso e ficou no ar de 1975 a 1992, passando por três emissoras, TV Ceará, Cidade e Manchete.


A irreverência do Programa Irapuan Lima foi um dos fatores que contribuíram para a conquista da audiência.


Irapuan interrompeu suas atividades na televisão por conta de uma cirurgia na vesícula, que evoluiu para uma pancreatite. Depois disso, ele fez apenas aparições em comerciais na TV e faleceu, em 2002, por conta de uma embolia pulmonar. O programa que Irapuan comandava não era muito diferente dos outros da época, com auditório sempre cheio e apresentadores cativantes, tampouco dos de hoje. Sua grande audiência decorria de ele se mostrar como uma pessoa comum, com quem o público se identificava. Ele se mostrava realmente cearense.

Apesar da comparação, não imitava Chacrinha, como afirma Gilmar de Carvalho, professor aposentado do curso de Comunicação Social da Universidade Federal do Ceará (UFC). Para caracterizar Irapuan com uma só palavra, esta seria irreverência.  O bom humor era regra a ser seguida por ele.


Irapuan Lima esbanjando bom humor.

Para Gilmar, Irapuan "era uma presença que se impunha, apesar de não ser bonito, de não ser charmoso, de não ter uma voz agradável (daquelas dos velhos locutores de rádio), de se  vestir de modo cafona". O apresentador tinha preferência por programas ao vivo, chegando a ter quatro horas e meia de duração. Ele não seguia roteiros, tinha apenas um guia que lhe dava muita liberdade para improvisos. Ele mesmo era o produtor do programa, quem criava os quadros e decidia como tudo ia acontecer.

A publicidade foi outro marco importante no programa Irapuan Lima. Ele criava jingles e reclames ('Cadê Cacá', 'Frango do Zezé', 'Macarrão Fortaleza' etc.) para os produtos que ia anunciar. Preferia fazer a divulgação ele mesmo, como disse para a Revista Entrevista, publicação do Curso de Comunicação Social da UFC, em 1998. "Se eu animo um programa, para mim, é melhor angariar o anúncio e fazer a publicidade do que dar para outros", afirmou.

Passaram pelo seu programa ícones da música brasileira de todos os tipos, como Ângela Maria, Bibi Ferreira, Carlos Galhardo, Orlando Silva, Roberto Carlos, Sérgio e Wanderley Cardoso. Danielly Portela, hoje apresentadora de telejornal da TV Verdes Mares, foi jurada e apresentadora mirim do Jornalzinho do Programa Irapuan Lima. Ela diz que o Chacrinha do Norte "despertou no cearense o interesse pela divulgação dos nossos talentos, que no sul do país (onde tudo acontece) não recebiam atenção".

A fama do programa aconteceu também graças às companheiras de palco de Irapuan, as "Irapuetes", que esbanjavam sensualidade. Lionah Dias foi a "Irapuete" que fez mais sucesso, sendo comparada à Xuxa Meneghel, por ter o cabelo loiro, ficando conhecida então como "Xuxa Cearense".


Ao fundo, as Irapuetes. "Aquilo, para os velhos, limpava a vista que era uma maravilha", dizia Irapuan.

Uma característica dos programas de auditório e show de calouros no Ceará é a presença de um animador de palco, como era Irapuan, e a tendência de criar paródias e versões de ícones da televisão brasileira. Na época, Irapuan era comparado ao Chacrinha, Lionah à Xuxa, assim como hoje, veem Ênio Carlos como uma versão de Sílvio Santos.


A platéia era um elemento importante do programa

É inegável a importância do Programa Irapuan Lima para a televisão cearense. Ele chegou a ser considerado um dos maiores comunicadores do Ceará. Seu programa reforçou a identidade cearense por se mostrar como janela para o mundo e por apropriar figuras nacionalmente conhecidas para a realidade do Estado.

Irapuan Lima foi um dos personagens da série "A história da comunicação contada pela TV Cidade". Confira o trecho sobre o apresentador cearense.



Evelyn Onofre
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Mariana Freire
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Música na TV cearense
Programas de auditório cearenses
Na plateia do Ênio Carlos
Nos tempos do programa Ontem, Hoje e Sempre
Os formatos de auditório permanecem

 
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Quem hoje vê estúdios e auditórios lotados, em gravações de programas com plateia, talvez não saiba que a figura simpática do apresentador que interage com um auditório que vibra, vaia e aplaude é mantida na televisão brasileira há mais de 50 anos. Em 1955, na TV Rio, o Noite de Gala estreava a vertente dos programas de auditório na TV, adaptando um formato há muito consolidado no rádio.

No Ceará, o movimento foi o mesmo. O rádio chegou ao estado em 1934 e ganhou força após a inauguração da Rádio Iracema, em 1948. Essa rádio, mais tarde, deu origem aos primeiros programas de auditório da televisão cearense, veiculados pela TV Ceara. Foi do rádio que surgiram os grandes apresentadores e programas de auditório da televisão do estado. Augusto Borges e João Ramos começaram na Ceará Rádio Clube. Irapuan Lima tem origens na Rádio Iracema.

O 'Chacrinha cearense', como era conhecido Irapuan, apresentou programas na TV Cidade e na TV Verdes Mares, por exemplo. Sempre com sucesso, como diz o professor Gilmar de Carvalho, estudioso em televisão cearense: "Irapuan não posava de celebridade. Fazia questão de ser cafona. Tinha um jeito cearense de ser e não se mostrava afetado em relação a sotaque, postura, vestuário, nada. Fez sucesso (...), criou bordões, ditou comportamento, fez o que podia fazer.".

Ao longo dos anos, o formato dos programas de auditório se consolidou. Muitos são os programas que investem na presença da plateia, como é o caso do Programa Ênio Carlos, da TV Diário, e o Show do Pepiteiro na TV, da TV Cidade. Nos dois casos, o auditório é parte fundamental da atração, compõe o programa. "A plateia hoje sabe que é plateia. Ela não decide, ela faz barulho. Ela não interfere, ela compõe a cena", afirma Gilmar de Carvalho


Pedro Vasconcelos
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Acompanhe mais sobre a história de Irapuan Lima e a sua importância para a televisão no Ceará
Confira aqui como funcionam os programas de auditório atuais

 
Música na TV cearense PDF Imprimir E-mail

Desde a primeira transmissão televisiva no Brasil, a música tem papel de destaque na programação. Ela já aparecia nos concertos transmitidos no início da TV brasileira, nos célebres programas de calouro e nas paradas de videoclipes. A música sempre atrai muitas pessoas dos mais diferentes perfis para a frente da telinha.

 
Nelson Augusto, o roqueiro da cena PDF Imprimir E-mail

“Pra não ser um músico medíocre, eu preferi ser um jornalista que gosta de musica passar essas emoções pros ouvintes através dos programas que eu faço.”

Jornalista, radialista, pesquisador musical, beatlemaníaco. Assim se define Nelson Augusto, apresentador do programa Cena Rock.

 
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