A UFC e o ensino de Telejornalismo PDF Imprimir E-mail

Historicamente, o maior desafio do ensino do jornalismo é conseguir dar conta da imensa responsabilidade que a universidade chama para si ao assumir a tarefa de formar técnica e academicamente os futuros profissionais. Há, no entanto, uma tendência nos cursos de comunicação em descartar a prática em benefício da teoria, despejando jornalistas inexperientes em um mercado que, por lei, já não se faz mais necessário o próprio ensino universitário. E a Universidade Federal do Ceará (UFC) não foge a essa regra.

Diante do desafio de conciliar o que muitos consideram a práxis acadêmica, teoria e prática, a UFC buscou algumas alternativas ao longo dos anos. Lançou publicações que contemplavam o jornalismo impresso, foi laureada por produções radiofônicas e adaptou-se às novas tendências de mercado, incorporando o webjornalismo ao seu currículo. O telejornalismo, presente em forma de disciplina desde muito cedo no curso de jornalismo, permanece, no entanto, como o calcanhar de Aquiles da instituição.

A falta de aparato técnico e profissional é um dos motivos que mais contribui para a dificuldade em estabelecer a prática na área. O curso de comunicação conta apenas com dois cinegrafistas; um pela manhã, outro pela tarde. Os vídeos são editados por um único técnico, que se divide entre quatro disciplinas.

Os equipamentos, comprados há sete anos, comprometem a qualidade do material filmado. Além disso, as disciplinas de telejornalismo são ministradas por professores substitutos, cujo contrato de dois anos impede, muitas vezes, o engajamento com a universidade.

Esse cenário acaba, por fim, desmotivando o universitário. Os estudantes, que no sétimo semestre devem escolher qual laboratório cursar, não hesitam em optar pela produção da já consagrada Revista Entrevista, na disciplina de Laboratório em Jornalismo Impresso.  Nesse semestre, por exemplo, a de Laboratório em Telejornalismo contou apenas com duas alunas.

UFC TV

É nesse contexto que surge o UFC TV, programa institucional da Universidade Federal do Ceará. A atração, que em seu primeiro momento foi produzida por alunos recém saídos da Rádio Universitária, conta hoje com um quadro de cinco jornalistas concursados, além de cinegrafistas, editores de imagem e material próprios.

O programa surge com o objetivo de ser mais uma ferramenta de marketing da Universidade, como a revista Universidade Pública ou o Jornal da UFC. Não um espaço de aprendizado. Por isso a contratação de funcionários públicos. A única bolsa que seria ocupada por um aluno de jornalismo acabou sendo vetada devido à demora no processo de seleção.

O Canal Universitário, onde a UFC tem direito a uma fatia da programação, nunca foi usado por esta. E não parece haver qualquer mobilização da reitoria ou da própria coordenação do curso para ocupar o espaço.

Em uma universidade em que há uma enorme defasagem entre a teoria e a prática do telejornalismo, produzir um programa televisivo e não abri-lo aos alunos é uma zombaria à formação dos mesmos. É dar o peixe e não ensinar a pescar.

 

Liana Costa
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