Isabel Filgueiras relembra suas impressões diante de telejonais pelo mundo afora.

Depois de quatro dias de intenso frio e muito bater de pernas no inverno londrino, finalmente parei para assistir à televisão no trem de volta ao aeroporto. E foi ali que me lembrei da conversa com um amigo americano, residente de Londres há dois anos.

Durante o jantar da minha primeira noite na Inglaterra, ele comentou que ainda estranhava a maneira como as telejornalistas britânicas se mostravam na TV - sem maquiagem.

Devo confessar que meu suco de laranja, já meia goela abaixo, quase jorrou pela boca, tamanho fora meu espanto. Ou seria surpresa? Ainda não sei bem definir que emoção foi aquela. Descrença? Talvez.

Eu sei que parece piada que o jornalismo inglês, tão respeitado mundo afora, se faça dessa maneira. E lá estava eu, naquele trem, a constatar como verdade tudo o que meu amigo me relatara.

Impossível não comparar a jornalista britânica, senhora um pouco descabelada e de maquiagem quase imperceptível, às jovens, impecáveis, e porque não dizer, bonitas jornalistas cearenses.

Passada uma temporada em Los Angeles, percebi certa influência mexicana nas jornalistas perfeitamente plásticas de Bervely Hills, inspiradas pela Barbie.

Já em Nova York, onde a elegância das mulheres está em cada esquina da Big Apple, a TV é nada mais que um reflexo da própria cidade.

Depois de todas essas notas mentais, eu só conseguia pensar como o modo de apresentar telejornalismo parecia, apesar das pequenas diferenças estéticas aqui e acolá, um tanto quanto universal. Que tolo engano.

Sempre haverá algo diferente e novo em cada parte do mundo. E cabe a nós aceitar os diferentes públicos e aprender mais e mais sobre sua demanda.

Por fim, sei apenas que as jornalistas inglesas não têm menos credibilidade que as brasileiras, norte-americanas ou mexicanas. Cada país possui o telejornalismo que mais se adéqua a ele. Não é esse o caso do Brasil?

Isabel Filgueiras

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