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Cheguei nervosa aos estúdios da TV Ceará naquela tarde de quarta-feira. Com a voz embargada, falei com o porteiro, que me diz para subir as escadas estreitas que me conduziriam às salas dos apresentadores da emissora. O barulho ensurdecedor de furadeiras se espalhava por todo o prédio, que está em reforma há algumas semanas.

Eram três horas quando encontro o apresentador Augusto Borges sentado em sua sala na TV Ceará, olhos atentos na tela de um computador. Seu olhar profundo e alegre guarda experiências de quem tem muito a dizer. As lembranças acumuladas em existência quase que inteiramente dedicada ao ofício de comunicar são muitas.

Com um humor bonachão e um ar simpático, Augusto Borges relembra bons momentos de seu trabalho na primeira emissora de TV do estado, a antiga TV Ceará, da extinta Rede Tupi, ainda na década de 60. As engraçadas histórias fluem entre um cigarro e outro, permeadas por lembranças de um tempo em que viver, apenas viver, era a ordem do dia.

À medida que a entrevista passava, mais e mais aquelas impressões me marcavam. A pequena sala se enchia de histórias, e eu, futura jornalista, tentava abafar  as reações de satisfação que me chegavam a cada palavra dita por Augusto Borges. Eu me impressionava, sorria e admirava o que chegava até mim. O gravador continuava firme em meu braço direito, muito embora a dormência me impedisse de movê-lo.

Enquanto a entrevista acontecia, a colega de trabalho de Augusto Borges, Carla Peixoto, lia discretamente um jornal no cantinho da sala. De vez em quando levantava os olhos, complementava o que o amigo dizia, atendia seus telefonemas. Também era mencionada nas histórias de Augusto Borges, uma personagem importante em sua trajetória.

O funcionário mais antigo da TV Ceará respondia às perguntas feitas com uma espontaneidade espantosa. As respostas vinham misturadas a informações valiosas dos tempos áureos da TV cearense, opiniões firmes e declarações engraçadas. Nem mesmo o telefone, que insistia em tocar, impedia-o de contar suas histórias. As palavras soavam simples e diretas, até mais fortes que o terrível barulho das furadeiras escada abaixo.

Augusto Borges faz questão de mostrar que é um apaixonado pelo que faz. O apresentador do programa “Ontem, Hoje e Sempre” tem a experiência de quem sempre se mostrou compromissado com o público, e que por isso o admira e o reconhece. Ao final da entrevista, percebo em suas palavras que a arte de comunicar é movida pelo amor. Amor à arte de comunicar bem.

 

Bruna Veras
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